domingo, 16 de agosto de 2009

Público Agradecimento

A todos e todas os que vizitaram este blogue; um beijo muito grande e descupas reforçadas a todos os seguidores, pois não lhes tenho dado a merecida atenção.
Já passaram sete meses sem ter colocado uma única imagem, sem ter escrito um texto, sem ter justificado esta minha ausência...
Vocês não mereciam este meu abandono. E se hoje estou aqui, a razão prende-se com o facto de querer dar novo empurrão a este espaço. Toda a gente sabe que criar um blogue é muito fácil, mas dar-lhe continuidade exige dedicação e tempo que não pode ser gasto em outras coisas... Manter um blogue com vida é tarefa pesada para uma só pessoa que tem o privilégio de não ser uma pessoa só.
Pois bem, vou gastar um pouco do tempo que hoje tenho disponível para escrever umas quantas coisas. Coisas que são minhas, que sou eu, que talvez muitos pensassem ser mulher...
Não. Não sou do sexo feminino, mas sou suficientemente feminino com orgulho dessa clandestinidade na figura de macho que me mascara. Sou homem com corpo de homem e publicamente manter-me-ei assim por necessidade e conveniência. Tenho uma vida dupla por opção e gosto de manter a aparência de macho latino aos olhos da vizinhança e restante populaça também mascarados de outra coisa qualquer...
Mas vamos ao que vos interessa.
EU
Não divulgo o meu nome verdadeiro, mas podem tratar-me por Miguel, que é um nome fácil de memorizar e de dizer em quase todas as línguas.
Acerca de mim
Cauteloso, com quase 60 anos, tenho filhos, sou casado com uma mulher de espírito aberto, bissexual, hipersexual e polisexual, mas um pouco menos activo que antes. Tímido e descarado. Educado mas muito obsceno. Gosto de beber mas mantenho-me muito sereno mesmo se acontecer um copo a mais, sou fumador compulsivo e de vez em quando aprecio umas passas de erva. Nudista recatado, algo exibicionista, mas sobretudo, muito voyeur. Gosto de quase todas as mulheres, atraem-me alguns homens e fico excitado com os transexuais. Não gosto de pêlos e tenho o corpo sempre rapado (por isso o nome no perfil). Gosto de foder e isso pressupõe ser activo ou passivo, possuir ou ser possuído. Curioso, gosto de explorar novos horizontes, e sou aberto de mente e de corpo. Sem falsos pruridos, gosto de infringir tabus. Nunca paguei para ter sexo, mas já paguei bem caro algumas relações. Também nunca me prostituí e por isso nunca fui remunerado por esses prazeres de alcova. Liberal e sem preconceitos, sou interessado no GOR e no BDSM. Adoro sexo oral e gosto de falar de sexo, mas detesto ordinarices. Leitor sôfrego de livros. Não sou grande apreciador de cinema mas gosto de ver filmes pornográficos. Gosto de fotografia e faço fotografia por prazer, interesso-me pelo erotismo e pela beleza em qualquer uma das suas expressões plásticas e, claro, gosto de pessoas bonitas. Não sou religioso nem santinho nenhum, mas sou muito respeitador das convicções dos outros e não interfiro com o seu lugar próprio nem invado o seu espaço privado. Sou uma pessoa difícil, daquelas ou que se ama ou se odeia. Não tenho papas na língua quando quem quer que seja ultrapassa os limites do bom-senso e do respeito pelo próximo e, posso até ser rude e malcriado. Sou mais que isto e gosto de muitas outras coisas, mas isso, descobre-se com o tempo. Estejam à vontade para comunicar, para propor, para criticar… este local é também vosso e aqui gostava de poder publicar os vossos textos e as vossas fotografias, os vossos desenhos, as inquietudes, os testemunhos…
Já acima o disse: Um blogue cria-se com muita facilidade, mas dá muito trabalho a manter. É por isso que preciso da vossa participação.
Caros leitores, queridos seguidores, conto convosco. Contamos convosco.

sábado, 3 de janeiro de 2009

PETER KERESZTURY

As esculturas de Keresztury são a representação dos nossos pequenos segredos, da nossa intimidade... Nus a três dimensões para colocar bem à vista nas nossas salas de estar, no espaço onde gostamos de receber os amigos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

AKIRO

NORM EDWARDS

SANDERS McNEW

Arte Erótica

Entre o sensual e o obsceno
Quem determina que uma obra de arte é erótica? Comentário sobre o livro "Arte Erótica", de Gilles Néret, e outras reflexões. Toda obra de arte pode ser erótica, pois o erotismo está nos olhos de quem o vê.
Texto de Charles Narloch.
Todas as obras de arte podem ser eróticas, pois o erotismo está nos olhos de quem o vê. Jean-Paul Sartre, em "A Infância de um Chefe", escreve que "é um erro acreditar que existam objectos específicos do desejo sexual e que estes se resumam às mulheres. Tudo pode ser objecto do desejo". Um par de sapatos altos, um vestido transparente, um cavalo, um copo de leite. A nossa mente permite descodificá-los como objectos meramente representativos ou como símbolos eróticos poderosos, capazes de desencadear fetiches quase sempre inaceitáveis pela sociedade. Já é o suficiente para que muitos vejam neles uma obscenidade, numa tentativa irrefreável de negar o exercício do próprio prazer. Como não poderia deixar de ser, são raros os livros que tratam deste assunto sem medo de reproduzi-lo. É o caso de Arte Erótica, da editora Taschen, editado por Angelika Muthesius com texto de Gilles Néret. O autor explica que não é fácil descobrir e reproduzir obras eróticas. Os próprios artistas e posteriormente seus testamenteiros são os primeiros a escondê-las, dificultando o registro. Os curadores abstêm-se geralmente, evitando expô-las ao público. Em vista disso, o autor elaborou o seu texto em concordância com as obras a que teve acesso. Em cinco capítulos, Néret aborda o assunto com precaução, passando da importância do vestuário ao despir das vestimentas, dos jogos sensoriais à beleza do obsceno na cópula explícita, da Escola de Fontainebleau a Gilbert & George, de Tom of Finland a Marcel Duchamp. Repleto de chamadas para obras literárias e filosóficas, o texto é fartamente ilustrado por reproduções coloridas dispostas em sequência lógica, numa analogia surpreendente. O falso pudor da sociedade hipócrita diante da arte erótica é bem ilustrado no início desse livro por uma passagem de Baudelaire, em Mon coeur mis à nu. "Todos os imbecis da burguesia, que pronunciam as palavras moralidade e imoralidade na arte, trazem-me à memória Louise Villedieu, puta de cinco francos. Quando me acompanhava ao Louvre, ela começou a corar e perguntou-me, perante as estátuas e quadros imortais, como era possível exibir-se publicamente tais indecências..." A verdade é que todos nós – e não apenas Louise Villedieu e os artistas – apesar de tentarmos negar, somos obcecados pelo corpo humano. Há os artistas que destacam o corpo feminino, como Auguste Rodin, Pablo Picasso e René Magritte, manifestando o desejo de modificá-lo, fazendo de seus pormenores, objectos de um fetichismo colectivo, onde peças de vestuário surgem como uma segunda pele. Outros evidenciam o ideal masculino, como Francis Bacon, Andy Warhol e Robert Mapplethorpe. Christo e Jeanne Claude fazem inúmeras alusões antropomórficas às genitálias de ambos os sexos. Os órgãos sexuais que hoje chocam já foram representados com naturalidade por egípcios, persas, gregos, chineses e outros povos. A pedofilia é um tema que atormenta Caravaggio, Agnolo Bronzino, Salvador Dali e Balthus. A obra maneirista "Vênus e Cupido", pintada por Bronzino em 1540-45, ainda escandaliza por mostrar mãe e filho em jogos eróticos, num caso de incesto observado por uma multidão de voyeurs. Mas nem todas as obras eróticas se resumem à presença de símbolos de sugestão. Algumas são totalmente claras, explícitas, retratando a cópula como ideal de beleza e prazer. A maioria delas se resume a obras raras, de Leonardo da Vinci a Picasso. Poucos fizeram desta representação seu tema principal. É o caso de George Grosz, processado por isso na Alemanha, antes de se naturalizar americano, em 1938. O século vinte foi visivelmente marcado por mudanças radicais de comportamento, registadas na arte através do erotismo. O corpo foi transformado em objecto. Bonecas eróticas foram fabricadas em série, como mercadoria de consumo. Alguns artistas, como Hans Bellmer e Oskar Kokoschka, registraram acções perversas com elas. Sobre Kokoschka, sabe-se que por muito pouco não foi preso por ter abandonado no jardim de sua casa uma boneca decapitada que representava sua ex-amada que o abandonara. Entre 1915 e 1918, ele vagueou com sua boneca, para a qual chegou a alugar um camarote na ópera. Numa noite de loucura súbita, Kokoschka partiu o crânio de sua amada sintética, curando-se então de sua paixão infeliz. Schopenhauer já considerava que as manifestações do homem, artísticas ou não, são determinadas pelas tendências sexuais. Isso fica evidente nas obras de arte. O que dizer dos nus masculinos pintados e esculpidos por Michelangelo, que androgenizava as mulheres? Por que ele teria representado símbolos fálicos no tecto da Capela Sistina? Para Freud, "o papel do artista é dar forma aos seus fantasmas e desejos, de acordo com regras estéticas. Tendo atenuado o choque inicial, as obras eróticas podem ser apresentadas aos outros homens que, como o artista, sofrem a repressão de seus desejos." Portanto, cabe ao público a maturidade necessária – que não depende da idade, mas de uma boa resolução de suas questões íntimas – para finalmente poder encarar a arte erótica com tranquilidade e equilíbrio.
"A Notícia", 21 de abril de 2002.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

RITA MELO

ARTEMISIA GENTILESCHI

CARAVAGGIO

BECATE

Natasja Fourie

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

UMA BREVE APRESENTAÇÃO

A relação da pornografia com a arte erótica ou com a literatura erótica varia de acordo com os valores do momento histórico em que isto acontece.
Costuma ouvir dizer-se, com alguma ironia, que a pornografia é o erotismo dos outros. Quando ouvimos semelhante afirmação é sinal que estamos a caminhar pelos conceitos da moral e tentar definir a arte erótica ou a arte em geral envoltos por ideais de moral, o que parece ser demasiado difícil, senão impossível, dada a sua subjectividade.